Carregando Eventos

« Todos Eventos

  • Este evento já passou.

Júri Simulado – 18ª edição

5 junho às 19:00

Data: 05/06/2024
Horário: 19:00
Local: Auditório da FDRP

 

Entidade realizadora: Ágora

 

Descrição do Caso:

 

Éverton Araújo da Cruz, um jovem, foi a vítima. Rodrigo Ramos Toledo é o réu, homem de aproximadamente 40 anos, que é policial militar. O crime ocorreu no início da madrugada do dia 20 de janeiro de 2024, quando Rodrigo Ramos Toledo compunha, junto de outros policiais militares, uma blitz policial, erguida no cruzamento entre a Rua Avelã e a Avenida do Café. Éverton ia, junto de um amigo, Cauã Siqueira Leão, numa moto rumo ao fim da Avenida do Café, sendo Éverton o condutor da moto. Os dois voltavam de uma pizzaria, onde foram ver quatro outros amigos para conversar, comer, beber e se divertir, que era o que sempre faziam, sendo esse o motivo pelo qual Éverton dirigia a moto: Cauã havia bebido demais naquela noite, então, estava abalado e razoavelmente fora de si. Éverton também bebeu, mas pouco.

 

Os seis amigos, incluindo já aqui Éverton e Cauã, conheciam-se praticamente desde sempre. Os seis moravam numa comunidade, que fica um pouco atrás da Avenida do Café, e, por isso, as casas dos amigos eram próximas umas das outras. Além disso, os seis frequentaram a mesma escola, E.M. Tereza Ferreira Prestes, porque era a que ficava mais perto da comunidade. Os seis viveram juntos assim enquanto puderam, porque, conforme cresciam, mais dificuldades apresentavam-se e mais responsabilidades eles tinham que assumir. Nenhum deles vinha de uma família abastada em termos de recursos, então, se podiam trabalhar e ganhar dinheiro para não ficarem sem comida, era isso que eles iriam fazer. Alguns deles nem sequer terminaram a escola, mas isso não representava nenhum problema, porque eles não eram os únicos nem foram os primeiros a largar a escola por ali. Éverton, inclusive, foi um desses. Aos 16 anos, ele começou a trabalhar numa oficina mecânica, a Oficina do Osvaldo, porque o dono dela conhecia o pai de Éverton. É verdade que, para a família de Éverton (composta por seu pai, sua mãe e seus dois irmãos menores), mesmo que três dos cinco membros da família trabalhassem, a situação estava difícil. De qualquer modo, quando os seis achavam a oportunidade, combinavam um dia, um horário e um local para se reverem.

 

Rodrigo Ramos Toledo, o policial militar, é, assim como Éverton, natural de Ribeirão Preto, mas, apesar de serem ambos cidadãos de Ribeirão Preto, era impossível que se conhecessem de antes, pois Rodrigo nasceu e foi criado até a juventude no bairro Alto da Boa Vista, região onde vivem os mais financeiramente abastados. Seu pai, que atuava como general do Exército, possuía suficiente poder aquisitivo para permitir que Rodrigo e seus irmãos desfrutassem de um padrão de vida de qualidade. Porém, para quem quisesse usufruir da fartura, havia regras que o pai de Rodrigo impunha, que era, em sua casa, a mais alta autoridade. Era um homem sério que, ainda assim, não deixava de ser sujeito carinhoso. Além disso, não é verdade que aquelas regras se aplicavam a todos os aspectos da vida de Rodrigo e de seus irmãos. Na verdade, nem era isso que queria o seu pai, que era defensor da ideia de crescimento que vem do erro, da dedicação extrema e da disciplina. Desde que seus filhos se esforçassem, falava ele, nenhum deles acabaria como um marginal que vive na rua ou como algo pior. Rodrigo e seus irmãos, então, desenvolveram-se num ambiente guiado por um sistema de recompensas e castigos, que é comum em quaisquer outras casas brasileiras. Rodrigo deve a esse sistema, em certa medida, o seu ingresso na Academia do Barro Branco, porque era regra: tirar boas notas. Apesar disso, não se podia negar que Rodrigo realmente gostava de estudar e aprender mais, fato que sempre enchia secretamente seu pai de orgulho quando via que seu filho estava tornando-se um homem instruído.

 

Rodrigo inspirou-se nele para perseguir a carreira militar, mesmo porque, diziam todos que os conheciam, os dois eram muito semelhantes tanto fisicamente quanto ideologicamente. Aos 19 anos, tornou-se aluno de uma das mais prestigiadas academias de formação militar do país. Depois de formado, retornou à Ribeirão Preto, cidade pela qual guardava afeto, uma vez que nela cresceu e ali ainda residia a sua família. Foi apresentado, então, à Stephanie Saenger, filha de um major, amigo do pai de Rodrigo desde a época em que ingressaram na Academia do Barro Branco. Os dois apaixonaram-se e, seis anos depois, casaram-se. Viviam felizes porque realmente gostavam um do outro. Os princípios e crenças deles eram semelhantes, assim como as metas, os objetivos deles e as vontades deles. Depois de três anos de casamento, tiveram filhos, que já era um desejo de ambos. O primogênito deles é Otávio Saenger Toledo. O segundo filho do casal, que deveria ser o último, é Erick Saenger Toledo. Daí, Stephanie, após falar com Rodrigo, decidiu implantar um DIU de cobre como método contraceptivo, que falhou. Stephanie engravidou novamente, mas, dessa vez, de trigêmeos.

 

Rodrigo viu-se desesperado. Apesar de receber bem em razão de seu cargo público, temia que seu salário não conseguisse suportar as despesas que cinco filhos em idade escolar davam. Stephanie não trabalhava, porque Rodrigo acreditava que ela, como a esposa, deveria cuidar dos afazeres domésticos e dos filhos deles, e ela acatava. Rodrigo percebeu que, para sustentar a sua família, deveria participar de mais rondas. Coincidentemente, na região onde está situada a comunidade que é lar de Éverton, os níveis de criminalidade aumentaram, pois num lugar como aquele, muitos enxergavam o tráfico de drogas como uma saída necessária e mais viável que os empregos formais para ganhar um pouco de dinheiro e sobreviver.

 

Rodrigo, constantemente, era designado para participar de rondas e de blitz naquele subsetor da cidade, o que o fez se aproximar consideravelmente de outros policiais militares que participavam das rondas com ele e que o permitiu tornar-se freguês de alguns estabelecimentos dali. Encontros entre policiais militares e traficantes por ali, de tão comuns, eram quase rotina. Os moradores de lá podem confirmar: é mais raro o dia em que não há troca de tiros do que o dia em que há. Passado um ano desde o início das rondas de Rodrigo ali, numa noite de patrulha em que houve troca de tiros entre traficantes e policiais, uma bala atingiu um dos policiais, que morreu instantaneamente. O morto, Fábio Fernandez de Moraes, era um daqueles policiais que Rodrigo havia se tornado amigo, aquele mais próximo dele. Rodrigo dizia que Fábio o entendia como se fosse seu irmão. O falecimento de Fábio fez Rodrigo comprometer-se mais do que nunca com o total extermínio do tráfico. Se não for possível fazê-lo na cidade toda, então que ali pelo menos acabe.

 

Na fatídica noite em que ocorreu o crime, Rodrigo, que compunha a blitz que interceptou Éverton e Cauã, ao vê-los, de longe, passar, tarde da noite, numa moto através da Avenida do Café, pensou não restarem dúvidas: eram traficantes. Mas, mais do que isso, quis saber o policial qual a razão para estarem eles numa madrugada perambulando por uma avenida quase deserta se não fosse pela blitz ali parada. Não havia outra opção para o policial além de interrogá-los. Rodrigo, ao interceptá-los, questionou-os, de maneira firme, acerca do que faziam ali. Cauã, embriagado, riu, tentando responder à pergunta. Rodrigo perguntou outra vez e Cauã, de novo, riu, mas dessa vez riu mais alto. Éverton, que até então não havia dito nada, começou a rir também e pediu que o policial desconsiderasse a atitude do amigo, que estava fora de si. O descontrole deles era um sinal de que possivelmente haviam feito uso de alguma substância entorpecente. Além disso, os olhos deles estavam vermelhos e Rodrigo tinha escutado Éverton dizer que Cauã estava fora de si. O policial pensou ter encontrado fundadas razões de que algum tipo de entorpecente corria pelo sangue deles. Para descartar a possibilidade de que fosse bebida alcóolica a substância da qual os garotos tinham feito uso, decidiu submetê-los ao teste do bafômetro.

 

Éverton e Cauã recusaram automática e fervorosamente. Rodrigo insistiu. Os garotos resistiram e Éverton ameaçou Rodrigo, dizendo-o para sair da frente da moto, que estava ligada. Evidentemente, Éverton planejava acelerar ferozmente, imaginando que o policial não o impediria, a não ser que quisesse arriscar a sua vida. Surpreendentemente, Rodrigo o desafiou. Pediu que pusesse em prática o planejado. Éverton, devagar então, estendeu a mão em direção ao acelerador, mas, antes de tocá-lo, viu que Rodrigo apontava uma arma em sua direção. O policial ordenou que fizessem o teste. Éverton levantou os braços, rendido, mas Cauã desceu da moto e correu. Rodrigo o perseguiu até alcançá-lo, proeza que não foi difícil de cumprir porque Cauã visivelmente andava aos tropeços. Rodrigo ficou na frente de Cauã, ordenando que fizesse o teste. Mandou não uma, nem duas, mas três vezes. Seus comandos foram todos desrespeitados. Rodrigo então disse que a recusa inabalável dele o fazia presumir que ele estava realmente bêbado, portanto, deveria ser preso. Éverton, que havia permanecido imóvel sobre a moto até então, ao observar um de seus grandes amigos ser preso por um motivo que não era válido a seus olhos, correu para ajudá-lo. Éverton saltou sobre o policial, que caiu. Obviamente, Éverton caiu também, mas por cima do policial e tentava simultaneamente se defender dos golpes dele, revidar e pegar a arma ancorada em sua cintura para depois tentar fugir. Rodrigo velozmente percebeu qual era a intenção de Éverton e pegou primeiro a arma. Sem hesitar, apunhalou a cabeça de Éverton para tirá-lo de cima de si, usando a coronha da arma. Rodrigo estava determinado a fazer ambos passarem pelo teste do bafômetro. Se não fossem presos por terem violado a lei seca, seriam por tráfico, porque, para Rodrigo, só o uso de entorpecentes justificaria tamanho descontrole.

 

Quando Éverton foi atacado, Cauã fez menção de avançar sobre Rodrigo, mas foi detido pelos outros policiais que naquela noite o acompanhavam. Rodrigo encarava fixamente Éverton, esperando evidentemente pelo próximo movimento dele, que foi correr em direção à moto. No instante em que montava nela, Éverton foi, de novo, apunhalado. Ele sentou-se no chão e recebeu outra coronhada diretamente em seu crânio. Éverton tombou. Rodrigo dizia que ele não iria a lugar algum depois dali. Os outros dois policiais aproximaram-se, trazendo, com muita dificuldade, Cauã consigo. Ele não ia algemado e cambaleava ainda, mas havia compreendido bem o caso, assim como os policiais que o carregaram. Quando viram a poça de sangue em torno de Éverton, decidiram que, na verdade, eles iriam sim a um lugar depois dali: o hospital. Uma ambulância veio e os levou. Cauã, ferido, foi hospitalizado. Já Éverton morreu a caminho do hospital. A causa da morte foi hemorragia severa em razão das lesões em sua cabeça.

 

Qual será a decisão do júri?

 

Não perca a oportunidade de acompanhar a simulação deste caso extremamente intrigante!

Detalhes

Data:
5 junho
Hora:
19:00