DITADURA NUNCA MAIS: FDRP e entidades propõem Memorial para homenagear vítimas da repressão no campus da USP em Ribeirão Preto
Data de Publicação: 08/04/2025
Comissão recolhe sugestões de nomes de docentes, estudantes e trabalhadores e trabalhadoras perseguidos pela ditadura militar; obra será inaugurada em agosto
A Faculdade de Direito de Ribeirão Preto da USP deu início a uma importante iniciativa de reparação histórica: a construção de um memorial em homenagem a docentes, estudantes e trabalhadores e trabalhadoras do campus que foram vítimas da ditadura militar (1964–1985). O projeto, realizado em parceria com entidades estudantis e sindicais, convida a comunidade a sugerir nomes de pessoas que sofreram perseguições no período e que devem ser reconhecidas publicamente por sua trajetória em defesa da democracia e dos direitos humanos.
A mobilização é fruto de dois encontros realizados na Faculdade de Direito de Ribeirão Preto, em 13 de novembro de 2024 e 31 de março de 2025, reunindo vítimas da ditadura, familiares e representantes de entidades da USP. Participam da ação o Diretório Central dos Estudantes “Alexandre Vannucchi Leme” (DCE), o Centro Acadêmico Antonio Junqueira de Azevedo (CAAJA), o Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP), a Associação dos Docentes da USP (ADUSP) e a Comissão de Direitos Humanos da Universidade.
Embora a USP já tenha dado passos importantes no reconhecimento de seus perseguidos políticos — com destaque para as diplomações simbólicas realizadas em 2024 e 2025 — essas ações se concentraram no campus da capital. O novo memorial em Ribeirão Preto busca ampliar esse reconhecimento às comunidades universitárias do interior, que também sofreram com a repressão, mas seguem pouco visibilizadas.
A obra será confeccionada pelo Coletivo de Bordadeiras Mira no Ponto, grupo conhecido por sua produção artística comprometida com temas de justiça e equidade. A inauguração está prevista para agosto deste ano, após a sistematização das contribuições recolhidas por meio de formulário público, disponível até o dia 31 de maio.
As sugestões enviadas serão analisadas por uma comissão curadora formada pelas entidades envolvidas. A Comissão será coordenada pela Profa. Vera Navarro, do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, que destaca a importância, a oportunidade e o simbolismo da iniciativa. Segundo afirma, “não podemos considerar a ditadura uma página virada da nossa história, é importante mantermos a memória viva”.
O anonimato das pessoas que preencherem o formulário será respeitado, e todo o material reunido será posteriormente encaminhado à Comissão de Direitos Humanos da USP. A expectativa é que a ação fortaleça a proposta de reabertura da Comissão da Verdade da USP, com abrangência para os campi do interior.
“A proposta de construção deste memorial é um gesto de memória, justiça e compromisso com a democracia. É também uma convocação para que a comunidade universitária não se esqueça daqueles que resistiram em tempos sombrios, nem permita que tais violações se repitam”, afirmou o Presidente da Comissão de Direitos Humanos da USP, Gustavo Ungaro.
Pessoas e entidades interessadas em colaborar com o processo podem acessar o formulário https://forms.gle/sX2Y22V3bdTMRpy48, e contribuir com informações e nomes de vítimas da repressão vinculadas ao campus de Ribeirão Preto.
DITADURA NUNCA MAIS. DEMOCRACIA SEMPRE.